Jovem economista tem projecto a funcionar em algumas escolas portuguesas e aspira agora chegar a vários pontos do mundo. Alunos que inspiram professores revelando-lhes a sua influência e importância para o sucesso escolar é a ideia-chave do projecto de Afonso Reis que, na próxima semana, vai representar Portugal no Fórum Económico Mundial (FEM). O projecto "Inspira o teu Professor" começou a ser aplicado em 2015 em algumas escolas portuguesas e neste ano poderá chegar a vários pontos do mundo, com a divulgação da iniciativa na rede do encontro que decorre entre 20 e 23 de Janeiro em Davos.
Consciente da importância dos professores para o sucesso escolar dos alunos e do pouco reconhecimento social que têm, o jovem economista, docente na Universidade Nova de Lisboa, decidiu pedir ajuda aos alunos para conseguir reforçar o reconhecimento e missão social dos professores. Através de acções de 90 minutos, os estudantes descobrem a importância dos professores através de perguntas tão simples como "Quantas horas passas com a tua família e quantas passas com os teus professores?", contou à Lusa o especialista. "Os alunos rapidamente se começam a aperceber que os professores os influenciam bastante. Depois desafiamo-los a fazer conteúdos para inspirar professores, pedindo-lhes que nos digam "cinco razões para um professor sair da cama" ou "cinco razões que tornam uma aula espectacular", explicou. O projecto-piloto arrancou em Junho de 2015 em seis escolas secundárias de Lisboa e pôs em prática os workshops nos quais os alunos desenvolveram vídeos, testemunhos e outras formas de agradecer aos seus professores. O trabalho dos estudantes segue depois para diferentes plataformas: os vídeos vão para o site "Mentes Empreendedoras", as imagens para a página de Facebook e as cartas circulam pelas escolas. Ao criar o projecto "Inspira o teu professor", Afonso Reis foi convidado para representar Portugal enquanto membro da Global Shapers Community no sector da educação, no encontro anual do FEM. O projecto arranca a 25 de Janeiro em parceria com a Global Shapers Community, existindo já a possibilidade de levar este conceito para outras cidades europeias também no início deste ano. "Através da rede do FEM fomos mostrando o que estávamos a fazer e agora temos contactos de Rabat, Ahmedabad, na Índia, Varsóvia, Oxford. Estão interessados em replicar este modelo e nós interessados em que eles experimentem e nos transmitam o que aprenderam para podermos melhorar. A ideia é criar um movimento internacional", acrescentou. Afonso Reis lembrou que no caso dos alunos que não podem contar com o apoio familiar para os estudos a solução pode passar pelos professores. "Quando não nascemos numa família com o melhor contexto socioeconómico, está provado estatisticamente que os professores são quem melhor consegue contornar o facto de não termos tido todas as oportunidades", lembrou. O FEM realiza-se na próxima semana em Davos e vai reunir mais de 2500 líderes e empresários mundiais para debaterem o tema "A Quarta Revolução Industrial". O economista foi o primeiro português a ser nomeado um Global Shaper e é, actualmente, professor na Nova School of Business and Economics onde lecciona a disciplina "Managing Impactful Projects". A Global Shapers é uma comunidade que junta jovens empreendedores por todo o mundo e que foi criada pelo FEC, uma organização sem fins lucrativos sedeada em Genebra mas conhecida pelas suas reuniões anuais em Davos, na Suíça. LUSA «http://www.publico.pt/sociedade/noticia/projecto-portugues-de-alunos-que-inspiram-docentes-chega-ao-forum-economico-mundial-1720539»
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Tiago Brandão Rodrigues explica por que decidiu aplicar alterações já este ano. Calendário das provas ainda não está fechado. O ministro da Educação defendeu nesta terça-feira, em conferência de imprensa, que decidiu avançar com alterações ao sistema de avaliação já este ano porque “era urgente corrigir os erros” do modelo de exames que herdou do anterior Governo. Segundo Tiago Brandão Rodrigues, a tutela tinha obrigação “de agir atempadamente na correcção de danos, já que o modelo anterior, mais do que errado, era acima de tudo nocivo”.
O ministro admitiu, contudo, que o calendário de aplicação das alterações ainda não está fechado e apenas “começará a ser debatido a partir de amanhã com os directores” de escolas, num périplo que o governante realizará pelo país. O Ministério da Educação decidiu acabar com os exames nacionais do 4.º e do 6.º ano com efeitos já a partir deste ano lectivo, mantendo apenas as provas que os alunos já realizavam no 9.º. Em sua substituição vão surgir provas de aferição para os alunos que frequentam o 2.º, o 5.º e o 8.º ano de escolaridade. Ao contrário dos exames, as provas de aferição não contam para a nota final. O novo ministro da Educação remeteu para “estudos nacionais e internacionais que comprovam que os exames são nocivos em idades mais precoces”. Em Portugal, desde 2013, o primeiro exame era realizado por alunos entre os 9 e 10 anos de idade. E o segundo dois anos depois. Na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, só existem mais dois países com exames no 4.º ano. Tiago Brandão Rodrigues realçou ainda que as escolas “estavam a moldar-se aos exames e que tal é pernicioso, porque o processo de aprendizagem não deve ser concebido como um treino” para estas provas. “É urgente restituir à escola a sua função principal, que é ensinar”, defendeu o ministro, acrescentando que “não há nenhum ímpeto reformista” na revolução que operou no sistema de avaliação dos alunos e que, segundo ele, é “coerente” com o que vinha sendo feito até o anterior ministro Nuno Crato ter tomado posse. Só com Crato, "houve uma ruptura" no modelo de avaliação seguido desde 2000, com exames em todos os ciclos do básico, e que levou a uma "distorção do processo de aprendizagem", acusou. Questionado sobre o impacto das mudanças nos alunos do 5.º e 6.º ano - os primeiros vão fazer provas de aferição um ano depois de terem realizado os exames do 4.º ano e os segundos sabem agora que afinal não vão realizar os exames daqui a quatro meses, no final Maio, como estava agendado e para os quais estavam a ser preparados -, o ministro respondeu, afirmando que os estudantes “não têm que se inquietar”. “É esta a mensagem que quero deixar os alunos”, frisou, adiantando, que os alunos do 5.º ano apenas necessitam de manter “o processo de aprendizagem normalmente, já que não têm de se preparar especialmente para as provas de aferição”. Quanto aos do 6.º ano, insistiu que “treinar para os exames é pernicioso”, mas que se estes se sentem preparados para os realizar, tal é sinal “de que as coisas estão a correr bem”. Confiança nos professores O novo modelo “privilegia a qualidade em detrimento da cultura da nota, que tão criticada foi pelo Conselho Nacional Educação”, realçou Tiago Brandão Rodrigues, defendendo que a “avaliação contínua (feita pelos professores em sala de aula) deve ser o instrumento mais importante das escolas, sendo a avaliação externa, sob a forma de exames ou de provas de aferição, apenas um instrumento complementar da primeira”. O novo ministro destacou ainda o papel dos professores, que nos últimos quatro anos tiveram de aprender a ser “muito resilientes”, e manifestou a sua confiança nestes e nas escolas para levar por diante o que definiu como objectivos centrais da sua tutela: a promoção do sucesso escolar e a melhoria das aprendizagens. Para tal, acrescentou, também contribuirá a informação pormenorizada sobre o desempenho dos alunos nas provas de aferição, que será devolvida às escolas e famílias de modo a que se colmate as dificuldades detectadas. Defendeu ainda que este processo poderá ser feito “atempadamente” já que, ao contrário do que sucedeu no passado, as provas de aferição serão realizadas antes do final de cada ciclo de escolaridade. Clara Viana - PÚBLICO «http://www.publico.pt/sociedade/noticia/ministro-da-educacao-diz-que-era-urgente-corrigir-erros-dos-exames-1719988» Com o ano de 2015 a terminar, o EDUCARE.PT traduz o olhar da rede Eurydice sobre os 28 sistemas educativos dos países-membros da União Europeia. “É preciso encontrar maneiras de investir mais e melhor”, diz o Observatório da Educação e Formação – 2015, da rede europeia de informação Eurydice. “Ainda assim, nos anos mais recentes a vasta maioria dos estados-membros reduziu o seu compromisso na educação ao passo que os seus concorrentes estão a investir estrategicamente e em força.” Por isso, a CE adverte: “A educação deve ser vista como um investimento e não um gasto.” Com 2015 a terminar, a Direção-geral de Educação e Cultura da Comissão Europeia (CE) analisa o estado da educação – do pré-escolar ao ensino superior, passando pela educação de adultos, nos diferentes estados-membros. O extenso documento reúne informações sobre estudos internacionais, como o TALIS [Teaching and Learning International Survey] e o PISA [Programme for International Student Assessment], publicados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), e dados recolhidos por organismos europeus. De A a G ALEMANHA Atingiu o objetivo estratégico definido pela Europa para 2020 no que toca à diminuição do abandono precoce e a participação na educação pré-escolar continua a aumentar. Um sistema de ensino e formação dual eficaz tem garantido aos alunos as competências necessárias no mercado de trabalho. No entanto, há escassez de recursos humanos altamente qualificados em determinados setores e regiões, em parte devido à baixa demográfica. Neste contexto, melhorar os resultados da educação e diminuir a forte ligação entre desempenho escolar e estatuto socioeconómico são fatores cruciais para sustentar uma economia orientada para a exportação. O que implica mais e melhor qualidade no pré-escolar e no ensino regular e mais formação para a população menos qualificada. A integração do elevado número de recém-chegados migrantes no sistema de ensino e sua preparação para a transição para o mercado de trabalho são dois desafios importantes que a Alemanha vai ter de enfrentar. ÁUSTRIA A taxa de abandono escolar precoce da Áustria é inferior à média da União Europeia (UE). Apresenta também uma das mais baixas taxas de desemprego jovem e para tal tem contribuído a boa adaptação do sistema de formação profissional ao mercado de trabalho. No entanto, os alunos imigrantes têm três vezes mais probabilidade de abandonar a escola mais cedo que os estudantes nascidos na Áustria uma vez que o seu desempenho educacional continua a ser muito dependente do estatuto socioeconómico dos pais. Já o ensino superior requer uma “orientação estratégica consistente”, diz o relatório, está subfinanciado e com taxas de abandono elevadas. A tal ponto que começa a haver uma falta de licenciados em Matemática, Ciências e Tecnologias. BÉLGICA O sistema de ensino belga obtém um bom desempenho. A educação pré-escolar é quase universal para as crianças a partir dos 3 anos e a taxa de abandono escolar precoce está a descer. Os gastos públicos no setor educativo estão entre os mais elevados da UE e nas três comunidades linguísticas há grandes reformas em curso. No entanto, persistem desigualdades educativas nas escolas com alunos de baixo estatuto socioeconómico e imigrantes. Há também diferenças marcantes entre as comunidades e regiões no que toca ao desempenho dos alunos, ao nível das competências básicas e nas taxas de abandono escolar precoce. O desempenho académico dos alunos no ensino profissional é fraco. Nas escolas mais desfavorecidas faltam professores e diretores experientes e existem problemas na qualidade e capacidade das infraestruturas. A transição da escola para o trabalho é muito difícil para os jovens que abandonam a escola com o 9.º ano. BULGÁRIA Tem melhorado ao nível da aquisição de competências básicas e da frequência no ensino superior, que ainda precisa de melhorar a qualidade, e da capacidade para ir ao encontro das necessidades do mercado de trabalho. O acesso à educação para as crianças desfavorecidas, em particular de etnia cigana, é um desafio constante. A qualidade do ensino e formação profissional na Bulgária é insuficiente, diz a Comissão Europeia, sobretudo em termos da sua integração no sistema de ensino geral. A taxa de participação de adultos na aprendizagem é das mais baixas da UE. CHIPRE Nos últimos anos, o abandono escolar precoce tem diminuído de forma constante. A taxa de conclusão do ensino superior é uma das mais elevadas na UE. No entanto, este fenómeno mascara uma falta de eficiência nos gastos públicos e a baixa qualidade dos resultados educacionais. O Chipre enfrenta uma das mais baixas taxas de empregabilidade dos recém-licenciados na UE e um desempenho insatisfatório em competências básicas por estudantes e jovens adultos. O país também possui uma das mais baixas taxas de participação no ensino e formação profissional na UE, mas as recentes reformas e novas iniciativas nesta área incluem uma expansão gradual desta oferta. CROÁCIA Os principais pontos fortes do sistema de educação e formação da Croácia são a baixa taxa de abandono escolar precoce e a elevada proporção de diplomados do ensino secundário profissional que segue para o superior. Desenvolvimentos positivos no país incluem a adoção de uma estratégia abrangente para a educação, ciência e tecnologia, que será o principal motor de reforma nos próximos anos. Por outro lado, o sistema educativo enfrenta um número significativo de desafios: melhorar os resultados em matemática nas escolas primárias, básicas e secundárias, modernizar os currículos da formação profissional inicial tendo em conta as necessidades do mercado de trabalho e aumentar o acesso e as taxas de conclusão no ensino superior. Existem taxas de participação relativamente baixas no pré-escolar e na educação de adultos. Uma vez que a Croácia enfrenta problemas estruturais significativos, ao nível da capacidade dos centros pré-escolares e uma sub-regulada e subfinanciada educação de adultos. DINAMARCA Alcança bons resultados em muitas áreas da educação e formação, incluindo no abandono escolar precoce, conclusão do ensino superior, a participação na educação pré-escolar, a participação de adultos na aprendizagem, bem como nas taxas de emprego dos recém-licenciados. O financiamento público para a educação continua a ser um dos mais elevados da UE. Os principais desafios da Dinamarca são: diminuir a elevada proporção de insucesso em competências básicas entre alunos imigrantes e também reduzir a taxa de abandono do ensino e formação profissional. As reformas nos setores do ensino e da formação profissional lançadas em 2014 constituem uma oportunidade para abordar estas questões. ESLOVÁQUIA A taxa de abandono escolar precoce continua a ser baixa, mas um recente aumento veio originar medidas específicas. A rede do pré-escolar está a ser reforçada. E uma nova reforma do ensino profissional promete melhorar a preparação dos diplomados para ingressar no mercado de trabalho. Ainda assim, as desigualdades persistem e os resultados escolares têm-se deteriorado nos últimos anos. A participação de crianças de etnia cigana no ensino regular e no pré-escolar de alta qualidade é um problema. Por outro lado, a atratividade da profissão docente para jovens talentosos é baixa e tanto a formação inicial como a formação contínua de professores são problemáticas. A qualidade do ensino superior e a cooperação com os empregadores continuam a ser um desafio para a Eslováquia, que tem visto aumentar a percentagem de licenciados empregados abaixo do seu nível de qualificação. ESLOVÉNIA Tem a segunda menor taxa de abandono escolar precoce da UE e uma taxa de frequência no ensino superior acima da média europeia. Os alunos atingem níveis satisfatórios ao nível das competências básicas, especialmente a matemática e ciência. A proporção de estudantes do ensino secundário em cursos de formação profissional permanece acima da média da UE. Já o ensino superior é marcado por um número desproporcionalmente elevado de programas de estudo e uma taxa de abandono elevada, à qual acrescem problemas com inscrições fictícias. Além disso, diz a CE, está subfinanciado, por isso, a qualidade do ensino e dos recursos é insustentável. No secundário, a diminuição demográfica e a queda do número de alunos fazem com que escolas por todo o país funcionem abaixo das suas capacidades. Finalmente, existem diferenças regionais muito acentuadas nos exames nacionais, indicando que o estatuto socioeconómico tem um forte efeito sobre o desempenho dos alunos ESPANHA O país vizinho tem uma das mais altas taxas de frequência do ensino superior na Europa. A inscrição no ensino profissional também aumentou, em particular com a expansão do modelo de formação dual, baseado em trabalho combinado com o ensino numa escola profissional. A participação no pré-escolar é quase universal. Apesar da queda constante no abandono escolar precoce ao longo dos últimos seis anos, a Espanha ainda tem a taxa mais elevada da Europa, apresentando diferenças significativas entre as regiões. Há também grandes disparidades no desempenho dos alunos ao nível das competências básicas entre escolas e regiões, principalmente ligadas ao estatuto socioeconómico. Para resolver estes problemas, o governo está a implementar reformas em todas as comunidades autónomas. A empregabilidade dos diplomados do ensino superior, particularmente em certas disciplinas, continua a ser um grande desafio, bem como a percentagem significativa de licenciados com empregos em trabalhos que não exigem um curso universitário. ESTÓNIA Os Níveis de competências básicas e de conclusão do ensino superior na Estónia são muito elevados. O número de licenciados em Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática tem vindo a crescer consideravelmente e representa mais de um quarto dos diplomados de todo o ensino superior. A taxa de emprego entre os recém-licenciados recuperou rapidamente após a crise económica. O financiamento no setor do ensino continua elevado e bastante estável. No entanto, existem alguns desafios estruturais relacionados com a adaptação do sistema educativo da Estónia ao rápido declínio demográfico e às futuras exigências de um mercado de trabalho bastante tecnológico. A atractividade do ensino profissional e a formação contínua continuam a ser um problema. A Comissão Europeia recomenda ligações mais fortes com a economia. Problemática, é também a diferença de género na educação, especialmente para os rapazes. FINLÂNDIA Tem um sistema de educação e formação bastante equitativo que prevê muito bons resultados de aprendizagem. A taxa de abandono escolar precoce é estável e o nível de competências básicas continua alto, apesar dos resultados um pouco menos favoráveis em estudos internacionais recentes. Surgem novos desafios, especialmente para estudantes de origem imigrante e à luz de uma recente tendência para diferenciação entre escolas em zonas urbanas densamente povoadas. Embora muitos alunos optem pelo ensino profissional e recentemente tivessem sido criados novos cursos, a oferta não é suficiente. FRANÇA A educação pré-escolar é quase universal para crianças de 3 anos de idade. O investimento público na educação continua a ser elevado e, desde 2013, o país tem-se empenhado em reformas ambiciosas em todos os setores e níveis de educação e formação. Contudo, os resultados estão dentro da média, em comparação com outros países, e as desigualdades ligadas ao estatuto socioeconómico estão a aumentar de forma consistente. Apesar do abandono precoce estar abaixo da média da EU - as disparidades regionais permanecem significativas. Por outro lado, muitos jovens - em especial de origem imigrante - ainda abandonam o ensino, no máximo, com uma qualificação ao nível do 9.º ano. As perspetivas de trabalho para este grupo deterioraram-se significativamente. A oferta no ensino profissional tem aumentado, mas ainda não é suficiente. GRÉCIA Apresenta um desempenho melhor do que a média da UE em matéria de abandono escolar precoce e de conclusão do ensino superior. Nos últimos anos, os setores do ensino e da formação sofreram uma consolidação orçamental rigorosa e uma série de importantes reformas estruturais no âmbito do programa de ajustamento económico. A Grécia tem em curso a reorganização do ensino geral, para atualizar o ensino profissional e para reformar a organização do ensino superior. A legislação recente indica a intenção de reverter a política de educação do período pré-2010. A educação grega e o sistema de formação exigem modernização no que diz respeito ao ensino de competências básicas e à capacidade de preparar os jovens para o mercado de trabalho. A continuar com Sistemas Educativos de H a S EDUCARE.PT «http://www.educare.pt/noticias/noticia/ver/?id=80842&langid=1» HOLANDA
Tem uma elevada taxa de conclusão do ensino superior. E fez bons progressos na redução do número de jovens que abandonam precocemente a escola, ao implementar uma estratégia para combater este problema. A percentagem de alunos em cursos profissionais ao nível do secundário, a taxa de emprego dos alunos com 12.º ano e a participação dos adultos na aprendizagem estão significativamente acima da média da UE. O desempenho escolar dos alunos é bom, mas, ao contrário de outros países, não melhorou nos últimos anos. Estão em curso algumas medidas para melhorar os resultados a matemática no ensino básico, secundário e profissional. O sistema educativo carece de professores qualificados no ensino de línguas, matemática, ciência e na área da educação especial. O envelhecimento do corpo docente será um desafio a ultrapassar nos próximos anos. HUNGRIA No ano letivo de 2014-2015, a Hungria iniciou várias reformas para melhorar a qualidade do sistema de ensino direcionadas, especificamente, para o abandono escolar precoce, o desenvolvimento da educação pública, ensino profissional e superior e a aprendizagem ao longo da vida. Além disso, o pré-escolar tornou-se obrigatório para todas as crianças de três anos de idade a partir de setembro de 2015. As lacunas socioeconómicas em termos de desempenho ainda estão entre as mais altas da UE. Aumentar a participação de estudantes desfavorecidos, em particular de etnia cigana, promover a educação inclusiva e melhorar a formação dos professores são alguns dos desafios nacionais. As escolas de formação profissional não são atrativas para os jovens, como mostra o elevado abandono, e não oferecem oportunidades de carreira flexíveis. Muitos alunos desistem do ensino superior e a participação no ensino dos adultos continua a ser muito baixa. As despesas do governo com a educação em percentagem do PIB estão entre as mais baixas da UE. IRLANDA A taxa de conclusão do ensino superior é das mais elevadas da UE. O abandono escolar precoce tem diminuído e está abaixo da média europeia. A Irlanda soma pontos no desenvolvimento das competências básicas dos seus alunos. Ao mesmo tempo, a requalificação e a melhoria de competências permanecem um desafio para o sistema de educação e formação. Num contexto social muito difícil, marcado pela diminuição do investimento público na educação, algumas reformas têm sido postas em prática para atingir um sistema mais flexível e dirigido às necessidades do mercado de trabalho. O acesso a tempo inteiro à creche permanece limitado e caro. ITÁLIA O país fez progressos na melhoria do seu sistema de educação e formação ao longo dos últimos anos. Atualmente está a ser implementado um sistema de avaliação escolar. A proficiência dos alunos ao nível das competências básicas melhorou. A taxa de abandono escolar precoce segue uma tendência decrescente, mas continua muito acima da média da UE. A participação no pré-escolar é quase universal para crianças entre os 4 e os 6 anos. A recente reforma do sistema educativo pode ajudar a criar as condições para melhorar ainda mais os resultados escolares, diz a CE. Apesar disso são muitas as assimetrias regionais no que diz respeito à aquisição das competências básicas. O número de jovens que conclui o ensino superior é o mais baixo da UE, já que muitos desistem dos estudos. A aprendizagem baseada no trabalho não está suficientemente desenvolvida e o ingresso no mercado de trabalho é difícil para os jovens, incluindo os altamente qualificados. A Itália é dos países que menos percentagem do PIB investem em educação e o desinvestimento é particularmente visível no ensino superior. LITUÂNIA Baixo abandono escolar precoce e elevadas taxas de conclusão do ensino superior. O país espera ainda bons resultados de políticas recentes, como a obrigatoriedade do pré-escolar a todas as crianças a partir dos 5 anos, o desenvolvimento de um sistema nacional de avaliação de competências dos estudantes, mais apoio profissional para os professores. Ao mesmo tempo, as competências adquiridas no ensino secundário e superior, muitas vezes não vão ao encontro das necessidades do mercado de trabalho. Acumulam-se maus desempenhos em leitura e matemática, e uma abaixa participação no ensino profissional. Apenas uma pequena percentagem de adultos está a estudar. A classe docente está envelhecida e a profissão não atrai os jovens. LUXEMBURGO Enfrenta o desafio de ser um país trilingue, mas a pluralidade de idiomas está bem salvaguardada na educação e na formação. O Luxemburgo afeta recursos significativos para a educação e tem tido um crescimento elevado ao nível do número de alunos que conclui o ensino superior. No entanto, o estatuto socioeconómico das famílias continua a ter um papel importante nos resultados escolares. Os alunos de origem imigrante, geralmente, obtêm piores resultados que os estudantes não imigrantes e é neste grupo que se registam elevadas taxas de abandono escolar precoce, apesar de o país ter bons indicadores a este nível. Os resultados escolares a matemática, leitura e ciência permanecem um pouco abaixo da média europeia. O Luxemburgo é também o país com a segunda maior taxa de retenção no ensino secundário na UE. LETÓNIA Nos últimos anos, a Letónia fez progressos notáveis na redução do abandono escolar precoce, elevou a taxa de conclusão do ensino superior e melhorou as competências básicas dos alunos, superando a média da UE em todos estes indicadores. O ensino profissional enfrenta o desafio de formar alunos com competências relevantes para as necessidades do mercado de trabalho. O ensino superior pode contribuir para aumentar a inovação potencial da economia letã, diz a CE, mas é preciso orientar o seu financiamento para os resultados. Problemas que poderão ficar resolvidos com algumas reformas promissoras que estão em curso. As diferenças de género na educação são outro desafio, com as mulheres a superarem os homens em termos de qualificações e desempenho ao nível das competências básicas. MALTA O país tem investido significativamente no seu sistema de ensino e formação nos últimos anos. A transição do ensino para o mercado de trabalho é mais fácil do que na maioria dos países da UE. No entanto, os níveis de qualificação da força de trabalho não vão melhorar, a longo prazo, sem que sejam resolvidos alguns estrangulamentos no sistema educativo. Em primeiro lugar, apesar dos recentes progressos, a taxa de abandono escolar precoce continua a ser elevada. Em segundo lugar, o desempenho ao nível das competências básicas é pobre quando comparado com os resultados internacionais. Por último, a oferta de competências na formação profissional ainda não se ajustou às exigências do mercado de trabalho. POLÓNIA Tem uma das menores percentagens de abandono escolar precoce e de estudantes da UE com insucesso ao nível das habilidades básicas. O número de licenciados está a progredir rapidamente. Do mesmo modo tem aumentado o número de crianças na frequência do pré-escolar, mas a este nível estão por resolver algumas questões que se prendem com a qualidade da oferta, e no acesso especialmente para as crianças com idade inferior a 3 anos. O sistema educativo polaco tem sofrido profundas alterações em termos de estrutura, organização, gestão e currículos, face às cada vez mais elevadas aspirações da população quanto à educação. Enfrenta ainda alguns desafios no que diz respeito ao ensino de competências transversais, à atratividade do ensino profissional e à relevância da formação superior para o mercado de trabalho. A baixa participação em níveis de aprendizagem e a falta de competências nos adultos - sobretudo no domínio das TIC – são motivos de preocupação. PORTUGAL Reduziu significativamente a taxa de abandono escolar precoce. O ensino superior tem melhorado muito. Algumas reformas foram implementadas com o objetivo de melhorar o nível de competências básicas da população. O número de alunos a ingressar no ensino profissional continua a aumentar e foram criados cursos técnicos superiores de curta duração. O elevado número de retenções e o modo como o estatuto socioeconómico determina os resultados educativos, bem como a garantia da equidade no ensino básico, continuam a ser um problema, apesar dos muitos novos programas e medidas introduzidas ao longo da última década. As taxas de escolarização no ensino superior têm mostrado algumas flutuações ao longo dos últimos três anos. REINO UNIDO Os sistemas de educação e formação no Reino Unido obtêm bons desempenhos em muitas áreas, incluindo o acesso ao pré-escolar para crianças a partir dos 4 anos, o nível de competências digitais adquiridas na escola, o envolvimento dos professores em formação contínua, as taxas de conclusão no ensino superior e a participação dos adultos na aprendizagem. Está em curso uma grande reforma nos currículos dos ensinos básico e secundário e um trabalho pioneiro na introdução de competências de programação em computador (codificação) para os currículos do 1.º ao 6.º ano. Nos principais desafios que se colocam ao sistema educativo, contam-se o acesso a respostas educativas para as crianças menores de 4 anos de idade; a literacia dos jovens entre os 18 e os 24 anos que frequentam o 3.º ciclo e as competências matemáticas dos alunos de 15 anos e a redução da taxa de abandono escolar precoce. Em termos de transição para o mercado de trabalho, as taxas de emprego dos recém-graduados em cada nível de educação são mais elevadas do que a média da UE, mas a oferta de educação profissional e técnica de nível superior está atrás da de outros sistemas europeus. REPÚBLICA CHECA Há emprego para os alunos que terminam a escolaridade secundária e o ensino superior. A taxa de abandono escolar precoce continua a ser baixa e há progressos rápidos no acesso ao superior. Em 2014, o país aprovou uma estratégia global para a educação para reduzir as desigualdades, apoiar os professores e melhorar a gestão do sistema educativo e da formação. Está em curso uma reforma no pré-escolar. Aumentar o acesso ao ensino regular das crianças mais desfavorecidas, em particular ciganas, é um dos desafios do sistema educativo. Os salários dos professores são baixos, quando comparados com os de outros países e a população docente está a envelhecer. Os alunos da via profissional nem sempre têm as competências necessárias para ingressar no trabalho mercado. Com cada vez mais jovens a entrarem no ensino superior, a Comissão Europeia acredita que serão necessárias ainda mais medidas para garantir a qualidade e relevância da formação para o emprego. ROMÉNIA A taxa de conclusão do ensino superior na Roménia tem aumentado de forma consistente nos últimos anos, mas continua a ser a segunda mais baixa da UE. O Governo romeno adotou uma estratégia para o superior com o objetivo de tornar a educação mais relevante, alinhando-a com as necessidades do mercado de trabalho, e para melhorar o acesso para grupos desfavorecidos. Desde junho de 2015, está também em curso uma estratégia para reduzir o abandono escolar precoce cuja taxa permanece muito acima da média da UE. A disponibilidade e acesso ao pré-escolar são limitados, especialmente nas zonas rurais e para a comunidade cigana. A participação dos adultos na aprendizagem continua a ser muito inferior à média e os gastos públicos em educação são dos mais baixos da UE. SUÉCIA O sistema de ensino sueco funciona bem em muitas áreas: educação pré-escolar, conhecimento cívico e competências linguísticas em Inglês como língua estrangeira entre a população estudantil, taxa de conclusão no ensino superior e a participação dos adultos na aprendizagem. A Suécia continua a investir muito em educação e formação mas apesar disso, os resultados educativos ao nível das competências básicas e da equidade nas escolas têm diminuído. O facto de os grupos etários mais jovens terem um desempenho pior do que os seus antecessores é motivo de preocupação, uma vez que uma força de trabalho altamente qualificada é fundamental para manter a competitividade a longo prazo. A transição da escola para o trabalho continua a ser difícil para os jovens que deixam a escola sem concluir o ensino secundário. A integração no sistema de ensino de um grande número de estudantes imigrantes recém-chegados é um grande desafio. Andreia Lobo - EDUCARE Estudo elaborado pela economista Sofia Oliveira teve na base o percurso de mais de 600 mil trabalhadores com o ensino secundário. Os trabalhadores que fizeram o ensino secundário através dos cursos profissionais têm, em média, vencimentos no início da carreira superiores em cerca de 2% aos que concluíram o 12.º ano nos cursos do ensino regular, mas esta vantagem de partida dissipa-se ao longo da vida profissional: após cinco anos ganham 0,68% mais; após 10 anos, já estão a receber menos 0,61% e ao fim de 15 anos inverte-se a situação de partida – ganham em média menos de 2% dos trabalhadores que fizeram o ensino regular. Esta é uma das constatações a que chegou a economista Sofia Oliveira, num trabalho intitulado “Regresso ao ensino vocacional em Portugal”, que será apresentado esta segunda-feira numa conferência sobre o ensino profissional, promovida pelo Instituto de Políticas Públicas Thomas Jefferson-Correia da Serra, que decorrerá no Instituto Superior de Gestão e Economia, em Lisboa. A economista lembra a propósito que o ensino vocacional tem sido tema de investigação de muitos autores em vários países. Vários têm enfatizado as vantagens deste tipo de formação, por garantir competências que são valorizadas pelas empresas e propiciar assim uma transição mais fácil para o mercado e trabalho, para além de contribuir para a redução do abandono escolar ao servir de alternativa a estudantes menos motivados ou com resultados académicos mais fracos. Mas Sofia Oliveira resume também outros argumentos, que poderão justificar a evolução que constatou no “prémio” salarial garantido por ambas as formações. Por exemplo, ao garantir uma formação mais orientada para capacidades técnicas, por oposição a um ensino mais orientado para o conhecimento, os cursos profissionais poderão dar origem a “uma força de trabalho menos flexível e conduzir a uma menor taxa de crescimento do país neste tempo de rápidas mudanças tecnológicas”. “O ensino regular garante uma componente de conhecimento geral que constitui a base para ajustamentos eficientes durante a carreira de trabalho e para uma resposta rápida à mudança tecnológica”, defende também Frank Corvers, professor da Universidade de Maastricht, outro dos autores citados por Sofia Oliveira. No seu trabalho, Sofia Oliveira adianta que o fenómeno de evolução dos salários registado em Portugal repete-se também no Reino Unido e na Alemanha, onde os trabalhadores com cursos profissionais começam por ganhar mais cinco e 10%, respectivamente, mas que esta diferença é ultrapassada ao fim de cerca de seis anos de carreira pelos trabalhadores com habilitações do ensino regular. Já na Holanda, as diferenças entre os dois contingentes praticamente não existem. Para elaborar este estudo empírico, a economista baseou-se nos dados existentes nos chamados Quadros de Pessoal, um inquérito que anualmente as empresas são obrigadas a entregar no Ministério do Trabalho e onde estão coligidas informações sobre os trabalhadores e as remunerações em vigor, entre outras variáveis. Sofia Oliveira seguiu o percurso de trabalhadores nascidos entre Janeiro de 1974 e Dezembro de 1990, que concluíram o ensino secundário, representando um total de 633.459 pessoas. Destes, 86,63% concluíram o secundário no ensino regular e só 13,37% o fizerem por via do ensino profissional. Este fosso poderá ser explicado pelo facto de o ensino profissional só ter renascido em Portugal em 1989 com a criação das escolas profissionais e do seu grande incremento se ter iniciado a partir de 2004, quando as escolas secundárias públicas começaram também a ter esta oferta, sendo agora o seu peso maioritário neste ramo. Há dois anos, 42% dos alunos que frequentavam o secundário estavam em cursos profissionais. A meta é chegar aos 50% Com o ministro Nuno Crato, a partir do ano lectivo de 2012/2013 foram também criados os cursos vocacionais, que têm como modelo o ensino dual alemão, onde a componente de formação prática pode chegar aos 70%. No ano lectivo passado, frequentavam estes cursos cerca de 25 mil alunos do ensino básico (podem ser desviados para esta formação a partir dos 13 anos de idade se tiverem dois chumbos) e cerca de dois mil do secundário. No programa do actual Governo prevê-se que os cursos vocacionais só continuem a existir no secundário. Clara Viana - PÚBLICO «http://www.publico.pt/sociedade/noticia/cursos-profissionais-garantem-melhores-salarios-mas-so-no-inicio-da-carreira-1718030» Resultados dos alunos portugueses em testes internacionais evoluíram em contraciclo com os da economia e podem ser um motor de desenvolvimento, alerta o CNE, que pede estabilidade de políticas. Em fase de transição entre duas legislaturas, o Conselho Nacional de Educação (CNE) apresenta um estudo que demonstra que a “os resultados obtidos pelos alunos portugueses são melhores dos que o nível de desenvolvimento do país e evoluíram em contraciclo com a economia”, nos últimos 30 anos. Na convicção de que “eles poderão representar, a médio prazo, o motor de desenvolvimento nacional”, o presidente daquele órgão, David Justino, avisa que, “em democracia, a alternância política não pode significar errância das políticas”. “Convergência, visibilidade e continuidade das opções estratégicas, confiança dos actores directamente envolvidos e capacidade para os mobilizar para a prossecução dos objectivos de médio e longo prazo” – são estas as exigências da Educação, “cujo tempo é bem mais longo do que os ciclos políticos”, escreveu o ex-ministro da Educação do Governo de Durão Barroso e presidente do CNE, David Justino, na introdução do relatório Estado da Educação 2014, tornado público neste sábado. A mensagem do presidente daquele órgão consultivo da Assembleia da República e do Governo surge no âmbito de uma reflexão sobre os desafios que se colocam a Portugal e na sequência da apresentação de resultados do aquEDUto – Avaliação, Qualidade e Equidade na Educação, um projecto de investigação patrocinado pelo próprio conselho.
Na introdução ao relatório, e referindo-se aos últimos trinta anos (que em 2016 se completam sobre adesão plena de Portugal à União Europeia e sobre a aprovação da Lei de Bases do Sistema Educativo), David Justino refere que “nos primeiros quinze a economia teve melhor desempenho que a educação”, que “não teve capacidade de produzir qualificações, na quantidade e qualidade, que esse crescimento económico exigiria”; e que, nos segundos, “a economia não foi capaz de absorver as qualificações produzidas pelo sistema de ensino”.
É neste contexto que o presidente do CNE afirma que é importante reflectir sobre os cenários e os desafios prováveis que se colocarão à sociedade portuguesa e, em função deles, identificar as grandes opções quanto ao desenvolvimento do sistema educativo. Insiste, a propósito, na necessidade de construir “uma base de compromisso político susceptível de assegurar a continuidade e prossecução das políticas públicas de educação”. O destaque dado à melhoria dos resultados dos alunos portugueses no PISA não significa que na introdução ao relatório David Justino não reconheça dificuldades e “desafios”, pelo contrário. Ainda na linha da evolução positiva do país ilustra a evolução da taxa e escolarização apontando que no grupo etário dos 25 aos 44 anos, que poderá ser identificado “como a geração dos pais das crianças que frequentam o sistema de ensino básico e secundário”, a taxa é de 6,5 anos em 1991, 8,3 em 2001 e 10,4 em 2011. Em contraponto faz referência a problemas, com destaque para a necessidade da redução das taxas de retenção escolar. “Apesar do aumento da escolarização e da redução do abandono, as taxas de retenção escolar continuam muito elevadas”, refere, referindo-se a um dos desafios que Portugal enfrenta. Para o próximo ano, aquele órgão propõe-se promover um ciclo de debates em torno da Lei de Bases do Sistema Educativo. “Pretende-se, ao fim de trinta anos de vigência daquele diploma, avaliar o seu papel no desenvolvimento do sistema educativo nacional, identificar as insuficiências ou desvios na sua concretização, as desadequações dos seus propósitos, os desajustamentos nas suas formulações”, ou seja, resume, “traçar os caminhos para o futuro”. Graça Barbosa Ribeiro - PÚBLICO «http://www.publico.pt/sociedade/noticia/portugal-tem-melhor-desempenho-na-educacao-do-que-na-economia-1711418» Os dirigentes das duas maiores federações sindicais de professores saíram satisfeitos da primeira reunião com o ministro da Educação e salientaram a aparente abertura ao diálogo. Um dos temas cuja discussão ficou agendada foi a do modelo de avaliação de alunos e do sistema educativo. João Dias da Silva, dirigente da Federação Nacional de Professores (FNE), afirmou nesta quarta-feira que o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, deu o exemplo do modelo de avaliação no ensino básico e secundário para afirmar que não tomará decisões isoladas, pontuais e à margem dos parceiros educativos. “Esta foi apenas uma primeira reunião, mas esta postura é muito positiva”, comentou o sindicalista.
Nesta terça-feira, na sequência da notícia do regresso das provas de aferição ao 4.º ano de escolaridade, em substituição dos exames, o Ministério da Educação (ME) divulgou um comunicado em que informou que o novo modelo será construído com a comunidade educativa. Nesta quarta, segundo Dias da Silva, o ministro não adiantou qual a proposta do ME, mas colocou o tema na agenda de futuras reuniões, reiterando que tenciona ouvir os parceiros educativos. Compromete-se nesta questão num momento em que o debate sobre as consequências da eliminação dos exames do 4.º ano pelo Parlamento continua em cima da mesa e na véspera de o assunto ser falado na Assembleia da República, por iniciativa do CDS/PP. João Dias da Silva (que defende que o modelo de avaliação deve ser definido depois de analisada a possível reestruturação dos ciclos de ensino, passando o primeiro a ser de seis anos) disse que outra das preocupações manifestadas pelo ministro foi a transferência de competência para os municípios. No entanto, frisou, este primeiro encontro com as federações sindicais (antes o ministro recebera a Fenprof) não foi conclusivo. A FNE enumerou preocupações concretas (como a urgência de alterar a forma de recrutamento dos professores sem vínculo) e relacionadas com a carreira dos docentes, disse. “Saímos com boas expectativas em relação ao futuro e totalmente disponíveis para colaborar num trabalho do qual resulte a valorização do sistema educativo por parte da sociedade em geral. Esse é um passo importante recuperar e reforçar o respeito pelos professores", disse João Dias da Silva, em declarações ao PÚBLICO. O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, também se mostrou satisfeito com a primeira reunião com o ministro do Governo socialista. "Saímos com expectativas não frustradas e até reforçadas", disse o dirigente sindical, que acrescentou ter ficado com a convicção de que com a nova maioria e, em concreto, na Educação, há "abertura ao diálogo e à negociação" e "a intenção de resolver problemas sem queimar etapas, mas também sem os deixar arrastar". Sobre o ensino artístico e os professores que se encontram com salários em atraso, a Fenprof recebeu a garantia de que as equipas do ME estão a trabalhar na resolução do problema para que possam ser regularizadas todas as situações o mais rápido possível, a nível administrativo. Nogueira disse que manteria, ainda assim, o pré-aviso de greve para 4 de Janeiro. Segundo disse, já há professores que já não têm dinheiro para se deslocar para o trabalho. Graça Barbosa Ribeiro - PÚBLICO «http://www.publico.pt/sociedade/noticia/ministro-da-educacao-insiste-que-vai-ouvir-parceiros-sobre-exames-1717600» Em 181 escolas do país — 17% do total —, nem um quarto dos alunos consegue ter um “percurso limpo” de chumbos, tal como ele é definido pelo ME. Há escolas onde ninguém consegue. A Secundária Públia Hortênsia de Castro, em Vila Viçosa, e a Básica D. Dinis, em Quarteira, foram as duas escolas onde menos alunos tiveram um “percurso de sucesso” quando comparadas com outras que receberam, à partida, alunos com o mesmo nível de desempenho. É o que mostra o Indicador da Promoção do Sucesso Escolar, este ano divulgado pelo Ministério da Educação (ME). A primeira destacou-se, pela negativa, no 3.º ciclo do ensino básico. A segunda, no 2.º ciclo.
O que mede, no essencial, este indicador, é isto: qual a percentagem de alunos de cada escola que obtém classificação positiva nas duas provas finais do ensino básico (Português e Matemática), após um percurso sem retenções nos anos anteriores? Ou seja, quantos alunos conseguem em cada escola “percursos limpos”, como lhes chama o ME, sem chumbos? O Indicador da Promoção do Sucesso Escolar permite, na prática, criar um “ranking alternativo” — e foi o que fez o PÚBLICO a partir dos valores fornecidos pelo ME. Aqui não são as médias nos exames que contam. Aparecem em primeiro lugar as escolas básicas que têm um Indicador da Promoção do Sucesso Escolar mais alto e, no fim, as que têm um indicador mais baixo. Em 181 escolas do 3.º ciclo (17% das 1042 para as quais há dados) menos de um quarto dos alunos que entraram para o 7.º ano de escolaridade em 2012/13 conseguiu chegar a 2015 com um “percurso limpo”, medido desta forma. Há escolas que têm mesmo 0% de “percursos limpos”, como se verá adiante. O ME também forneceu dados para o 2.º ciclo. Mostram que houve 56 escolas (cerca de 6% das 1001 para as quais há dados) onde a percentagem de “percursos limpos” foi igualmente inferior a 25% — são escolas onde a esmagadora maioria dos alunos entraram no 5.º ano em 2013/14 e, das duas, uma: ou chumbaram logo nesse ano; ou chegaram ao 6.º ano mas não conseguiram positiva nos exames finais. Quem fica bem na fotografia Explica o ME na nota metodológica que acompanha estes dados: com este novo indicador, “o desempenho dos alunos de uma escola A é comparado, não com uma média nacional única e absoluta, mas sim com uma média nacional construída especificamente para grupos de alunos que, em termos de desempenho escolar anterior, eram semelhantes”. Outra vantagem: um dos efeitos perversos frequentemente apontado ao “ranking de escolas tradicional”, feito a partir da comparação de médias de exames, é o de poder levar algumas escolas a sentirem-se tentadas a chumbar os alunos mais fracos para que eles não lhes “estraguem” a média de escola se forem a exame. “O indicador não premeia a retenção excessiva na escola e também não premeia a selecção de alunos à entrada”, escreve o ME. No topo deste “ranking alternativo”, a Didáxis - Escola Cooperativa de Vale S. Cosme, em Vila Nova de Famalicão, e o Colégio Miramar, em Mafra, duas privadas, ocupam o primeiro lugar. A primeira, no 3.º ciclo. A segunda, no 2.º. As escolas públicas que melhor ficam na fotografia são, no 3.º ciclo, a Básica de Pampilhosa n.º 2, na Mealhada, e a Básica de Manhente, em Barcelos, e, no 2.º ciclo, a Básica de Ribeirão, Vila Nova de Famalicão, e a Básica de São João da Madeira. Neste especial Rankings encontrará uma reportagem onde se conta que escolas são estas — que ambiente se vive nelas, que percurso têm feito, quantos alunos conseguem um “percurso limpo” e quantos seria expectável que tivessem esse percurso? 0% de “percursos limpos” Os dados do ME mostram ainda, como se disse, que há escolas com 0% de “percursos limpos”. No 3.º ciclo acontece na Secundária de Sacavém e na Escola Básica Professor Óscar Lopes, em Matosinhos. Ainda assim, o valor dado a estas duas escolas no Indicador da Promoção do Sucesso Escolar está longe de ser tão baixo como noutras. Essencialmente por duas razões: o que se esperava delas já era pouco (houve escolas que ficaram muito mais aquém da média expectável para o tipo de crianças e jovens que receberam) e o número de alunos com que lidaram foi mais reduzido — o número de alunos é ponderado na “classificação” que cada escola recebe do ME neste indicador. Andreia Sanches - PÚBLICO «http://www.publico.pt/sociedade/noticia/ranking-alternativo-mostra-que-em-muitas-escolas-e-raro-chegarse-ao-9-sem-chumbar-1716996» Vai acabar o ensino vocacional do 5.º ao 9.º ano. O básico volta a ser "integrado, global e comum a todas as crianças" As 27 mil crianças que atualmente frequentam o ensino vocacional no básico (do 5.º ao 9.º anos) vão ser as últimas a frequentar esta via de ensino que prepara os alunos para uma profissão. O PS vai acabar com a grande bandeira de Nuno Crato, por considerar que os alunos são desviados muito cedo para um percurso alternativo. De acordo com o programa do governo socialista, os primeiros nove anos de escolaridade devem ser comuns a todas as crianças. Mais uma mudança na área da educação, na qual em poucas semanas de legislatura se acabou com as provas do 4.º ano e se introduziram alterações na prova dos professores contratados.
Ainda sem datas para o fim desta oferta nas escolas, pais e diretores antecipam que os alunos que estão nesta via vão poder terminar o seu plano de estudos (mesmo que implique ficarem até ao final do 3.º ciclo) antes de regressarem ao ensino regular ou profissional. Mas, se no próximo ano letivo já não existir vocacional, um estudante pode também fazer aí o 2.º ciclo (5.º e 6.º anos) e ser depois integrado do 7.º ao 9.º anos no ensino regular. Nestes casos, a maior dificuldade pode estar no facto de ter feito o ciclo anterior em apenas um ano e, logo, com menos horas e matéria dada a disciplinas como Ciências História ou Geografia. Além disso, lembra Manuel Pereira, diretor do Agrupamento de Escolas de Cinfães e presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), além da matéria mais reduzida, "o problema é que estes alunos já têm naturalmente dificuldades de aprendizagem, motivadas por vários fa-tores. E precisam de respostas adequadas". O objetivo de Nuno Crato era, precisamente, integrar nesta via de ensino - que dá noções básicas das disciplinas tradicionais e ensina uma profissão - alunos com pelo menos 13 anos e mais de dois chumbos num ciclo de ensino, substituindo, com uma vertente mais prática, os Cursos de Educação e Formação (CEF). Agora, os respon- sáveis das escolas esperam que os alunos em risco de abandono ou com um historial de insucesso escolar possam contar com outro currículo alternativo. O DN tentou, sem sucesso, saber junto do novo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, se estavam previstas alternativas e para quando o fim do vocacional no básico. Certa é apenas a promessa escrita no programa de governo, no qual se lê que o PS "rejeita os instrumentos de dualização precoce aplicados" pelo último governo. Também o anterior ministro, Nuno Crato, não se mostrou disponível para comentar esta decisão A ideia agrada à Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), que quer um currículo comum para todos os alunos nos primeiros nove anos de escola. "O ensino básico é isso mesmo: fornecer uma educação basilar e que forme os alunos como pessoas e prepare para os conteúdos do ensino secundário, superior ou profissional", aponta o presidente da Confap, Jorge Ascenção. Acrescentando que a opção atual, que permite aos 13 anos enveredar por uma via profissionalizante, "é muito prematura". O que não impede o representante dos pais de reconhecer que vão ser preciso mudanças para que todos concluam o 9.º ano no ensino regular. "É preciso repensar o currículo, adequar o ensino às crianças. Se calhar há demasiada carga horária, demasiada sala de aula centrada no professor. É preciso que as crianças sejam estimuladas para o conhecimento, para um ensino mais ativo." Do lado das escolas, a questão não é assim tão simples. "É preciso alternativas. É muito bom dizer que não têm idade para seguirem uma via profissionalizante, mas a verdade é que eles também só entravam aos 15 anos ou então com dois chumbos. São alunos que já demonstram dificuldades", aponta Manuel Esperança. O diretor do agrupamento de Benfica, em Lisboa, tem dois cursos de vocacional (um do 2.º e outro do 3.º ciclo) e defende que para que todos cheguem aos 18 anos de escolaridade obrigatória têm de se criar vias alternativas. Lembrando os casos de alunos que nas vias regulares apenas perturbam a aprendizagem dos outros. Ligação às empresas difícil No entanto, o vocacional também não respondeu a todos os constrangimentos. Manuel Pereira sublinha que o dual - aplicado como experiência-piloto no básico desde 2013-2014 e neste ano letivo alargado a todas as escolas - só funciona em países com um forte tecido empresarial, como a Alemanha (país de origem deste modelo). O diretor que tem duas turmas de vocacional (nas áreas da agricultura, mesa-bar e hotelaria) confessa que tem dificuldade em manter empresas como parceiras. Já que estes cursos implicam uma formação técnica que deve ser assegurada pelas empresas. Em todos os ciclos, incluindo o secundário, há parcerias com cerca de sete mil empresas. Conferência da UNESCO reúne centenas de cientistas, professores e artistas. Separação dos processos cognitivo e emocional é "completamente injustificada"
Nas últimas décadas o ensino tem privilegiado o desenvolvimento das áreas cognitivas, esquecendo que "um currículo escolar que integra as artes e as humanidades é imprescindível à formação de bons cidadãos", disse ontem o cientista português António Damásio, durante a Conferência Mundial de Educação Artística, que a UNESCO promove em Lisboa até quinta-feira. Para este investigador na área das neurociências, que interveio na sessão de abertura depois do director-geral da UNESCO, Koichiro Matsuura, e do Presidente da República, Jorge Sampaio, é necessário que a educação evolua de acordo com o princípio de que separar o processo cognitivo do emocional é "um erro". "A divisão é completamente injustificada", defende Damásio. "A ciência e a matemática são muito importantes, mas a arte e as humanidades são imprescindíveis à imaginação e ao pensamento intuitivo que estão por trás do que é novo. As capacidades cognitivas não bastam." Para o cientista, que diz compreender que os governos invistam na matemática e nas ciências por considerarem que isso os torna competitivos, "não devemos abdicar da educação artística só porque o tempo e os recursos são limitados". Educar, acrescenta, envolve a mente e o cérebro. Conceitos que estão habitualmente associados às artes - estética, belo, prazer - são na realidade "transversais". Não é por acaso, garante Damásio, que Einstein falava na beleza de uma demonstração matemática ou no facto de as equações serem "feias". Apesar de serem muito diferentes um do outro - "o nosso processo emocional não se desenvolve com a mesma rapidez do cognitivo" -, são ambos fundamentais. "As emoções qualificam as ideias e as acções, sem elas não reflectiríamos", explica, acrescentando que a investigação actual defende que o desenvolvimento moral e ético se baseia em emoções. A poesia, a dança, o teatro ou as artes visuais podem ser usados para formar e treinar o espírito reflexivo, "o único que vale a pena ter". A importância da imaginação António Damásio não tem dúvidas em afirmar que "é muito mais fácil ensinar matemática e ciência do que artes", posição com que Ken Robinson, especialista britânico em educação artística e criatividade, concorda. "As artes exigem tempo e um tipo de empenho diferente", diz. "Muitas vezes os professores não estão lá para ensinar os alunos, mas para ensinar matérias. A preparação para as artes não é tão boa como a retórica sobre as artes." Robinson, que hoje vive nos Estados Unidos e é consultor do J. Paul Getty Center de Los Angeles, defendeu em Lisboa que a imaginação é tão importante para os alunos do século XXI como os números e as letras, apesar de as artes estarem quase sempre no fim da lista de prioridades do ensino escolar público. "Temos tendência a separar as artes da ciência, quando na realidade são complementares. Os grandes cientistas são incrivelmente criativos e intuitivos. O processo científico valida, demonstra. É a imaginação que cria." Para Robinson, as artes devem ser vistas como motor de transformação do sistema de ensino: "Gastamos muito tempo e energia a tentar fazer com que o actual sistema de ensino assimile as artes, quando devíamos era pensar em formas de criar, através delas, um sistema novo." Lucinda Canelas PÚBLICO «http://www.publico.pt/sociedade/jornal/e-muito-mais-facil-ensinar-matematica--e-ciencia-do-que-artes-67080» Trinta e nove anos depois de aprovada, para os alunos, a Constituição é algo «de abstrato» e pouco fazem ideia do papel do governo, da assembleia e para que serve um deputado... As questões que levanta a proposta (a semana passada aprovada) de introdução do estudo da Constituição da República no 3º ciclo e no Secundário A par do fim dos exames do quarto ano, a recomendação da divulgação e estudo da Constituição da República na escolaridade obrigatória (projecto do grupro parlamentar de Os Verdes) foi aprovada pela Assembleia, depois de ter sido rejeitada em legislatura anterior. Na ocasião, face à proposta dos Verdes, o então presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais, o deputado social-democrata Fernando Negrão entendeu que «os alunos não deveriam ter nenhum contacto com esta constituição». Apesar da perplexidade da deputada Heloísa Apolónia, que alegava um desconhecimento inadmissível dos cidadãos face à sua Lei fundamental, «sobretudo nas camadas mais jovens», Negrão sustentou, em Maio de 2013, que a Constituição de 1976 era «datada» e tinha «uma carga ideológica muito forte».O projecto, agora aprovado, destaca o facto de a Constituição de 2 de Abril de 1976 encerrar em si «o produto de uma democracia conquistada pela revolução de 25 de Abril de 1974»: «É uma Constituição progressista, pese embora algumas revisões que lhe amputaram bases importantes de consolidação de direitos e garantias». «Nos seus 296 artigos trata de matérias relevantíssimas, entre as quais dos princípios relativos ao nosso Estado Democrático, aos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, à organização do poder político, ou à estrutura dos órgãos de soberania».
Embora no 9º ano do Ensino Básico conste, no programa de história, o estudo da organização do poder político, 39 anos depois, a Lei-mãe do país continua a ser uma total desconhecida para muitos portugueses. O projecto recomenda ainda a disponibilização gratuita a todos os estudantes , do 3º ciclo e do ensino secundário, de um exemplar da Constituição da República Portuguesa. A professora e socióloga Ana Isabel Pena há muito que tinha dado pela ignorância dos seus alunos. «Para eles, não só a constituição, mas os órgãos soberanos, e os seus poderes, são encarados como algo totalmente abstratro. Não faziam ideia dos poderes da Assembleia, do governo do Presidente, do Tribunal Constitucional, nem para que servia um deputado...». Tanto que decidiu, por sua iniciativa, incluir nos seus tempos lectivos várias aulas exclusivamente dedicadas à constituição e à declaração Universal dos Direitos do Homem. Os programas fazem uma breve menção, mas a professora entendeu que era fundamental, importante demais para não ser discutido e debatido em sala de aula, alvo de vários trabalhos. Afinal, trata-se de alunos que já votam, «cidadãos de pleno direito» e que devem ser integrados nos valores plenos da cidadania, para não se deixarem facilmente manipular e equivocar. «É um perfeito disparate aquela velha ideia de que não se deve falar de política, de religião e futebol (sexo já se pode..) nas aulas. Porque pode instalar um clima de instabilidade e conflitos na sala... É claro que é difícil, os alunos tendem a achar tudo uma seca, coisas de políticos, como se fosse um 'assunto lá deles', que não lhes diz respeito... Mas depende da maneira como se dá a matéria. Se dermos a constituição como no meu tempo se aprendiam os Lusíadas, se basearmos as aulas no «empinanço» não vale a pena. Se assentarmos as aulas em discussões, debates, em reflecções, em trabalhos, garanto que eles nunca mais vão esquecer», continua a professora que lecciona num externato em Lisboa, com população escolar complicada, historial de chumbos, e excluída do ensino regular. Mas, acrescenta, trata-se de um externato com tradições republicanas, fez feriado no 5 de Outubro, e colocou uma faixa pelos atentados em Paris e por todas as vítimas do terrorismo. «Não me interessa nada que saibam artigos de cor, nem que saiam daqui constitucionalistas, mas que percebam as linhas gerais, os direitos, liberdades e garantias, que não confudam conceitos, que percebam que nada disto é adquirido e garantido, qual o papel da constituição na sociedade, que nem sempre foi assim. E eles, que têm um pensamento muito pouco estruturado, começam a pensar. É muito estimulante 'picá-los'...»,conta. O programa não lhe «dá» tanto tempo quanto isso para estas questões, mas a professora considera que não uma perda, mas «um ganho». No entanto, para além das boas intenções da iniciativa, há outras questões que se levantam. Quem vai formar os professores para abordarem estas matérias? Será admissível exigir-lhes mais esta missão? A classe docente anda exaurida, atolada em burocracias, é-lhe exigida cada vez mais, tem problemas gravíssimos com a autoridade, casos de indisciplina gravíssimos, torna-se muito desgastante; os próprios professores não tiveram estas matérias nos seus currículos... e pode bem acontecer o que sucedeu com as aulas de educação sexual, que deixaram muito a desejar. «É uma reflexão que se tem de fazer. A introdução da constituição no programas escolares é fundamental e já peca por tardia; passamos a vida a dizer que o desconhecimento da lei não beneficia o infractor, mas não damos aos alunos as bases para construirem uma cidadania livre, numa sociedade democrática. Mas na prática, como funciona, quem vai dar essas aulas?», questiona-se. Já Ana Cristina Silva, escritora e professora universitária, doutorada em psicologia educacional, concorda que «seja feita uma abordagem à constituição nas escolas no sentido de se trabalhar a cidadania ( aliás como outras dimensões da cidadania)»: «Parece-me uma forma de incentivar a participação política e cívica dos jovens , assim como um meio para eles conhecerem alguns dos princípios e garantias que orientam a vida politica». Porém, adverte: «É como tudo, depende da forma como é abordado.... que terá de ser sempre na forma de debate e discussão». Teresa Santa-Clara, Mestre em Ciências da Educação, entende que «sendo a Constituição da República Portuguesa um texto normativo fundamental para o funcionamento da nossa sociedade, faz todo o sentido que, ao longo da escolaridade obrigatória, os jovens possam ler e analisar, pelo menos, os seus artigos mais importantes». Defende que este estudo deva ser feito numa disciplina de formação geral. «Neste momento, algumas disciplinas de formação específica incluem este tema nos seus conteúdos, como é o caso de Ciência Política, disciplina de opção do 12º ano. Mas o importante é proporcionar a todos os alunos o contacto com este texto e não apenas àqueles que frequentam disciplinas de formação específica ». Filosofia seria uma boa opção, uma vez que o seu programa inclui temas como «Ética, direito e política» ou «Construção da cidadania» Quanto ao Ensino Básico, para Teresa Santa-Clara, «o estudo da Constituição deveria surgir no 9º ano, na Disciplina de História, cujo Programa inclui o tema ‘Portugal Democrático’, no âmbito do qual não se prevê o estudo da Constituição – embora se recomende, e bem, leituras muito diversificadas de documentos (poesias, romances, testemunhos, filmes e documentários, etc.) para abordagem a esta época». «Curiosamente», nota, «o estudo de trechos da Constituição é especificamente recomendado no 6º ano (2º ciclo do Ensino) na disciplina de História e Geografia de Portugal»: «Creio que tal não deve ser invocado como justificação para se não incluir o estudo da Constituição no 3º ciclo e/ou no Secundário, uma vez que a verdadeira compreensão do texto constitucional e das suas implicações exige, claramente, maior maturidade do que aquela que os alunos apresentam no 6º ano». No âmbito da educação para a cidadania, quarta-feira, dia 2 de Dezembro (11:30), a Escola Secundária Camões abre as portas para o lançamento da reedição da Educação Cívica de António Sérgio, no centenário da sua primeira edição (1915). A sessão conta com a presença de Matilde de Sousa Franco, familiar de António Sérgio, e inclui uma ‘Aula Aberta’ por Guilherme d’Oliveira Martins (administrador da Fundação Calouste Gulbenkian) sobre a Educação Cívica e o pensamento de António Sérgio. Nesta ocasião vai ser assinado um protocolo entre a Rede de Bibliotecas Escolares (RBE) e a Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES) que vai permitir disponibilizar o espólio de António Sérgio, que a CASES tem vindo a tratar, a todas as bibliotecas Ana Margarida de Carvalho - VISÃO «http://visao.sapo.pt/actualidade/portugal/2015-11-30-A-Constituicao-no-banco-das-escolas?utm_source=newsletter&utm_medium=mail&utm_campaign=newsletter&utm_content=2015-11-30» |